sexta-feira, 17 de junho de 2011

" E A VIDA CONTINUA ... "

Eu sou Jose Manuel, nasci em 1973, em Portugal, bem no coração do Minho, onde ainda resido, sou casado e tenho dois filhos, e uma licenciatura em desenho, que me dá a possibilidade de trablhar na área de Engenharia Civil, coisa que eu adoro. Antes de ser diagnosticada este meu PEQUENO/grande, problema: Até aos meus 18 anos, nunca tinha tido nenhum problema de saude, aliás nunca tinha entrado num hospital, não tive nenhum acidente grave, nenhuma doença venera, etc. Praticava desporto, com regularidade, não fumava, bebia com normalidade e moderadamente. E, foi então que num "belo" dia, começaram a aparecer algums sintomas, estranhos, até á data: - Edema nas pernas; - Tensão arterial alta; - Enjoos. Com estes sintomas todos, o meu querido velhote levou-me a um médico, amigo, que ao ver o resultado das analises, me enviou logo para um hospital central. Bem, para mim isto era tudo novidade, e até que não era mau de todo, pois dores eu não tinha, e nesta fase eram mimos por todo o lado, desde os meus pais, irmã, colegas, médicos, enfermeiros. Eu muito sinceramente no inicio, não tinha a minima noção da gravidade, da situação. Coisa, que não demorou a acontecer, quer dizer eu cair na realidade. Depois de algumas conversas com os médicos, o vocabulário usado, andava á volta de "transplante, hemodialise, etc", estas palavras começavam a fazer parte do meu dia a dia. Nos proximos 3 meses, fiquei internado, as aulas foram interrompidas, bem a minha vida nesta altura quase que parou. Tive sempre o apoio da familia, e dos amigos, muito importante nesta altura, sem duvida. Depois desta eternidade no Hospital, finalmente tive alta médica e regressei para casa, onde teria de iniciar uma vida nova, com novas rotinas, a HEMODIALISE, pois era agora o centro da minha vida e familia, três vezes por semana, lá tinha eu de ir para a clinica, onde fazia o tratamento. Tratamento esse que durou cerca de 5 meses, pois felizmente fui chamado para fazer o tão esperado transplante, bem nem queria acordar, isto foi no dia 1 de Abril, que aqui em Portugal é conhecido como sendo o dia dos enganos, e o meu pai que adora uma boa brincadeira, por volta das 8 horas da manhã, acorda-me com essa noticia, que tinha ligado do Hospital S. João e que tinha a possibilidade de fazer o transplante. Eu ainda meio ensonado, demorei a acreditar, só quando ele me abraçou com a lagrima no canto do olho, eu cai na realidade. E sem grande stress, levantei-me tomei o meu banho, e lá fomos nós, direcção ao Hospital. É verdade, que quando nos aproximava-mos do Hospital eu começava a ficar mais nervoso, tremia bastante, pois estava prestes a acontecer algo que eu ansiava á muito. E assim foi, depois de lá estar e de ser apresentado á equipe medica, foi-me explicado os passos a seguir, bem como todos os prós e contras a que eu estava sujeito. Nessa altura só queria que chega-se a hora, e ela chegou lá fui para o bloco, e as coisas correram bem, quando acordei, sentia-me tãaaao cansado, mas tãaaao cansado, que nem os olhos consegui abrir. Bem isto passou, a ciurgia correu bem, estive internado uns 8 dias, onde conheci algumas pessoas que estavam na mesma situação que eu, e por sinal nesta altura, no quarto estavam 6 camas, e dessas 6 camas, 4 eram jovens, como eu (duas raparigas, bem jeitosas por sinal, rs, e um rapaz), as outras duas pessoas, já mais adultas, eram muito simpaticas e extrovertidas, o que era bom, pois ajuda muito a passar aquele tempo. Logo ai, iniciei o tratamento com os imunossupresores, medicamentos muito agressivos, que na altura faziam aparer pelos por toda a parte do corpo, eu quase nunca cortava a barba, bem nesta altura era um verdadeiro senhor,tinha de ser todos os dias, para as miudas é que era mais complicado, se bem que o pessoal ria-se com a situação. Nesta fase a equipe médica instruia-nos para o cumprimento rigoroso da medicação, coisa que eu sempre tentei fazer. Ora depois de fazer o transplante a minha vida, finalmente voltou à normalidade, voltei à escola onde terminei o secundário, e segui a minha vida, nomeadamente os estudos, onde para além do secundário, tirei a licenciatura em desenho, Voltei a praticar desporto, nomeadamente futebol, onde jogava 3 veze por semana, e outros como ténis, etc. Pois voltei a ser a mesma pessoa que era antes. Depois de acabar os estudo, e de fazer o estagio, fui convidado a ingressar numa empresa, onde estou até hoje, trabalho na área de Engenharia Civil, faço projectos. Também depois de terminar os meus estudos e depois de conhecer uma mulher linda, querida, simpatica, uma verdadeira Princesa, a Laida, resolvi pedi-la em casamento...e não é que ela aceitou, pois é, verdade. Dessa relação resultaram dois filhotes, simplesmente lindos, o João e a Franscisca, com 6 e 10 anos respectivamente. Bem, mas isto não foi tudo um mar de rosas, após ter feito o transplante, já passados 14 anos, surgiram os primeiros problemas, derivados da medição para o enxerto/rim, um tumor, no rim nativo, que mal foi detectado numa consulta de rotina, se resolveu extrair, a ciurgia correu bem e com normalidade. E a vida continuou, até que passado mais um ano, novo alerta surgiu, novo tumor, este já numa fase mais avançada, pois é que desta vez tive direito a tudo, o tumor era no sistema á linfático. Depois da ciurgia, fiz quimioterapia e radioterapia. Para além disso, tive obrigatóriamente de parar com a medicação os imunossupresores, o que levou a que o rim transplantado passado dois anos inicia-se o processo de falência, coisa que aconteceu á cerca de meses, portanto o rim, durou, ou teve uma vida de sensivelmente 16 anos, não foi mau, dado que eu sempre cometi alguns exageros, não sou daqueles que segue as directivas á risca, isto não é para chegar aos ouvidos da enfermeira Dora. E assim, voltei á hemodialise, durante 3 meses, e foi quando uma enfermeira me falou da dialise peritonial, e como eu tenho pavor a agulhas, e porque trabalho, e porque quero estar o maximo de tempo com os meus filhotes e esposa, optei pela dialise peritonial. Em boa hora o fiz, pois hoje sinto-me bem, não tenhos horarios a cumprir, só sei que durante tres vezes por dia tenho de fazer a troca. Neste momento consigo conciliar perfeitamente este tratamento com a minha vida. Posso dizer que faço uma vida perfeitamente normal, aliás os meus amigos e familiares dizem que eu não pareço estar doente, e mal sabem eles o bem que me sabe ouvir isso. Voltei a praticar desporto, principalmente natação, coisa que faço com normalidade, trabalho, estou a fazer tudo o que gosto, de novo... Espero que com este meu testemunho, possa levantar a moral de alguém, depois de tantas batalhas, a vida continua...muito normalmente, sim senhora.....


Um comentário:

Fátima disse...

Lindo o seu depoimento meu amigo, sua história é uma lição de vida e fico muito orgulhosa de me ter esconhido para seu sua amiga.
Doenterenal